O Peso do Legado

É raro ouvir um jogador de elite afirmar abertamente que Messi é superior a lendas como Kobe Bryant ou Michael Jordan. Mas quando Ousmane Dembélé disse isso com sua voz calma e reflexiva em entrevista ao L’Équipe, senti o peso dessa afirmação — não só como fã, mas como analista de futebol com mais de uma década usando dados do StatsBomb.

Ele não disse ‘admiro’, disse ‘Messi é o maior’. Essa diferença importa. Em um mundo onde métricas muitas vezes substituem emoção, esse tipo de declaração parece autêntico e revigorante.

Por Que Messi? Além dos Números

Deixe-me ser claro: respeito a história da NBA. Já assisti The Last Dance mais vezes do que gostaria. Mas para Dembélé — criado em Marselha, formado nas academias parisienses e agora vivendo seu sonho no PSG — Messi não é apenas um jogador; é a evolução do futebol.

De 2017 a 2021, analisei cada passe dele com sistemas Wyscout. Sua visão não era aleatória — era preditiva. Antecipava movimentos antes mesmo que os jogadores se decidissem. Isso não é apenas habilidade; é genialidade sobreposto à consistência em mais de 700 jogos.

Quando Dembélé fala sobre como jogar ao lado dele mudou sua mentalidade — aprendeu a jogar com inteligência, não só velocidade — vejo isso refletido nos dados: aumento nos cruzamentos efetivos na área final e menor taxa de perdas após 2018.

A Arquitetura Emocional dos Campeões

Dembélé também falou sobre estar no gramado após vencer o Inter Milan por 5-0 na final — as lágrimas de Marquinhos e Kimpembe ainda o assombram semanas depois. E sim, esse momento tem peso emocional semelhante ao de qualquer atleta segurando o prêmio máximo do esporte.

Mas aqui está o que me chamou atenção: enquanto muitos jogadores se lançam em celebrações como medalhistas olímpicos correndo para os torcedores… Dembélé sorriu em silêncio. Não porque não se importasse, mas porque entendia o que realmente importava.

Em minha análise para veículos sul-americanos, chamamos isso de ‘síndrome do campeão silencioso’ — uma característica marcante nos que enfrentaram anos sem troféus.

Esse silêncio após a vitória? Fala mais alto do que qualquer pose com taça.

Uma Homenagem Sem Coincidência?

E então veio aquela foto: Dembélé ao lado da taça da Liga dos Campeões, igualzinho Kobe ao lado da taça Larry O’Brien. Sim, foi pedido pelo patrocinador… mas vamos admitir: seu simbolismo é real.

Para alguém criado sob céus franceses, mas moldado pelo ritmo e paixão brasileira (minha mãe era baiana), reverência entre esportes parece natural — não forçada.

Há muito tempo argumento que grandes atletas transcendem fronteiras esportivas não pela fama sozinha, mas pela arquitetura do legado: preparação sob pressão, desempenho máximo quando importa e humildade depois — lições apenas conquistadas com excelência sustentada.

Por isso Messi se destaca — não apenas entre os futebolistas ou até entre os atletas… mas entre exemplos humanos de longevidade e precisão diante do fogo.